Medway espera “sinal claro de apoio à ferrovia”
02/10/2024 16:56 - Transportes & Negócios

Carlos Vasconcelos, presidente da Medway, espera um "sinal claro de apoio à ferrovia" no Orçamento de Estado para 2025.  The post Medway espera “sinal claro de apoio à ferrovia” first appeared on Transportes & Negócios.

Medway espera “sinal claro de apoio à ferrovia”

Em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração do terminal ferroviário intermodal de Badajoz, o presidente da Medway disse esperar, “no mínimo”, que não exista penalização da ferrovia face à rodovia. “Quando digo apoio é no sentido de não nos penalizarem face à rodovia, no mínimo”, vincou.

Carlos Vasconcelos disse que ainda não teve qualquer contacto com o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, com o qual terá “uma reunião em breve”, mas frisou estar confiante em relação ao entendimento do actual Executivo da AD sobre a ferrovia e o transporte ferroviário.

“Aguardamos serenamente, mas estamos confiantes, por alguns sinais, algumas declarações, de que há uma vontade de mudar o paradigma anterior”, em que “se falava muito” e havia “muito interesse na ferrovia, mas, na prática, as políticas traduziam-se na penalização da ferrovia”, disse.

O presidente da transportadora ferroviária de mercadorias lembrou que, em jeito de “brincadeira”, até costuma dizer que Portugal “é um país esquizofrénico” quanto à ferrovia. “Queremos apoiar, fazemos lindos discursos a apoiar a ferrovia”, mas “aumentamos a taxa de uso, que [são] as portagens que os comboios pagam por usar a rede ferroviária, em 22% este ano e para o ano mais 8%”, enquanto, “ao mesmo tempo, eliminamos as portagens das auto-estradas”, ilustrou.

Sublinhando que as críticas têm a ver com “a situação do Governo anterior”, Carlos Vasconcelos defendeu que o país “tem que definir o que é que quer fazer em termos de ferrovia”.

“Se quer ter uma ferrovia competitiva, que ajude a descarbonizar, que ajude até a economia exportadora e importadora a serem mais competitivas, tem que olhar para a ferrovia de outra maneira, tem que tomar medidas que, de facto, se traduzam no aumento da competitividade”, frisou.

E não se trata de pedir subsídios, alertou: “queremos ter é as mesmas condições que a rodovia tem e, eventualmente, que esse é o desígnio europeu, se houver uma discriminação que seja uma discriminação positiva a favor da ferrovia”.

Comparando com Espanha, Carlos Vasconcelos vincou que “Espanha, de facto, tem um objectivo muito claro de tornar a ferrovia mais competitiva para atrair mais cargas, com o objectivo de contribuir para a descarbonização da economia. Portugal fala muito, mas faz o contrário”.

“Em Espanha, nós comprámos agora 16 locomotivas. O Estado espanhol financiou 25% desse custo. Porquê? Porque as locomotivas são um modelo mais eficiente em termos energéticos” e permitem “tirar milhares de camiões da estrada”, indicou, argumentando que, “se os estados querem de facto descarbonizar, têm que ajudar de alguma maneira”.

O terminal ferroviário intermodal de Badajoz, hoje inaugurado, é o primeiro de três que serão explorados pela Medway em parceria com a sociedade pública Extremadura Avante, na sequência de um concurso promovido pela Junta da Extremadura. Os outros dois são os terminais de Navalmoral, previsto para arrancar em Dezembro, e o de Mérida, aprazado para Março de 2025.

De cordo com os termos do concurso, a Medway está obrigada a arrancar em cada terminal com seis comboios semanais (três de entrada e três de saída).