Descarrilamento no Algarve foi provocado por um parafuso colocado de propósito em cima do carril
09/12/2021 12:42 - Público

Desconhece-se se foi sabotagem ou simples brincadeira. Assunto foi entregue à PJ, para investigação.

Descarrilamento no Algarve foi provocado por um parafuso colocado de propósito em cima do carril
Um parafuso colocado em cima do carril terá estado na origem do descarrilamento de uma automotora, na passada terça-feira, que circulava entre Fuzeta e Olhão. Tudo indica que o objecto, usado na infra-estrutura de via, foi colocado em cima da linha de propósito, excluindo-se que ali estivesse acidentalmente. Caso se confirme que não havia nenhuma anomalia na via nem no material circulante, caberá às autoridades policiais investigar as causas do acidente. O parafuso, usado na infra-estrutura da via, estava colocado à entrada de uma curva, num troço em que a velocidade máxima era de 90 km/h. A automotora era composta por duas carruagens, sendo uma a unidade motora e a outra o reboque. Era esta última (mais leve, por não ter motores instalados) que vinha na dianteira e que descarrilou, ficando o bogie (conjunto de quatro rodados) completamente fora dos carris. O local do acidente fica afastado de zonas residenciais e não é de fácil acesso. A linha não é vedada naquela zona, pelo que não existe impedimento à aproximação de pessoas e animais ao corredor ferroviário. Legalmente, o gestor da infra-estrutura só é obrigado a proteger a via quando as velocidades nela praticadas são superiores a 140 km/h, o que não é o caso de nenhum troço entre Faro e Vila Real. Mas a IP (Infra-estruturas de Portugal) pode fazer uma análise de risco à protecção do corredor e, mesmo quando a velocidade é inferior a 140 km/h, colocar vedações para mitigar a possibilidade de acidentes provocados por atravessamentos indevidos. O descarrilamento não fez vítimas e os 30 passageiros da automotora viajaram noutra composição até Faro, tendo a CP iniciado um serviço de transbordo em autocarro entre Olhão e Tavira. A via só ficou desimpedida na madrugada de quarta-feira, depois de um comboio-socorro ter partido da Estação de Campolide (Lisboa) para recolocar a automotora nos carris. Em comunicado, o GPIAAF (Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários) diz que, “após ter reunido a informação necessária, decidiu não haver lugar à abertura de investigação no quadro das suas competências legais, por se ter constatado que o descarrilamento resultou directamente de intervenção externa ao sistema ferroviário, ficando o assunto entregue às autoridades judiciárias competentes”.