Braga lança identidade visual do <em>metrobus</em> com Junho de 2026 no horizonte
29/07/2025 18:15 - Público

Processo concursal decorre dentro da calendarização prevista pelo município. Depois do concurso para a linha vermelha, abre procedimento para material circulante e em Setembro para sistemas técnicos.

Braga lança identidade visual do <em>metrobus</em> com Junho de 2026 no horizonte

O simbolismo do local escolhido para a apresentação da identidade visual do serviço de metrobus da cidade de Braga não passou despercebido. Numa altura em que se celebram os 150 anos da chegada do primeiro comboio à cidade, na antiga estação de caminhos-de-ferro, agora transformada em Loja Interactiva do Turismo, perspectiva-se já a partida da primeira viagem de BRT até à Universidade do Minho e ao hospital, em Junho de 2026.

Por enquanto, o momento serve para revelar o símbolo, as cores e os motivos que vão pontuar o material circulante e distinguir toda a operação do novo serviço de transportes na cidade de Braga. Cinco círculos, com quatro a representar as linhas propostas para a rede metrobus, e um central, a representar o cidadão enquanto foco do sistema de mobilidade.

Esta nova etapa do longo processo de implementação do projecto BRT em território bracarense permitiu aos intervenientes fazerem um ponto de situação. Depois de, no passado mês de Maio, ter sido lançado o concurso público para a linha vermelha, Teotónio Santos, administrador executivo dos TUB (Transportes Urbanos de Braga), anunciou que foram recebidas várias propostas para a sua concretização.

Esta primeira linha vai ligar a estação ferroviária ao Hospital de Braga, num percurso de seis quilómetros pontuado por doze estações, com passagem por alguns dos “principais pólos geradores de mobilidade”, entre artérias “congestionadas pelo trânsito automóvel” e a travessia pelo campus de Gualtar da Universidade do Minho.

De acordo com a informação avançada pelo administrador da empresa municipal de transportes, a linha vermelha do metrobus de Braga funcionará em canal dedicado em 81% do percurso, sendo servida por 12 veículos 100% eléctricos, com capacidade para cerca de 130 passageiros e uma frequência de partidas de seis minutos.

O concurso público para aquisição do “material circulante” será lançado ainda esta semana. E em Setembro está prevista a abertura dos procedimentos concursais para os “sistemas técnicos, nomeadamente bilhética, apoio à exploração e apoio ao público”.

O investimento de 75,5 milhões de euros, financiado na totalidade pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), inclui ainda a instalação do parque de material e oficinas que servirão de base para a frota e manutenção do sistema. Para tal, já foi adquirido um terreno com cerca de 11 mil metros quadrados localizado na Rua Dr. Felicíssimo Campos, próximo às actuais instalações dos TUB, por 825 mil euros.

Com um prazo de execução até Junho de 2026, as estimativas apontam para que, ao terceiro ano de operação, a linha vermelha do metrobus de Braga atinja os 2 milhões de passeiros e consiga retirar 812 automóveis de circulação das estradas da cidade em dias úteis.

Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, revela que, segundo os dados de que o município dispõe, cerca de 60% das emissões produzidas na cidade estão relacionadas com a mobilidade, daí que a redução de 430 toneladas de CO2 associadas à implementação do projecto sejam um facto verdadeiramente “transformador” para a qualidade de vida das pessoas que vivem, trabalham, estudam e visitam a cidade que dirige.

Para uma cidade em crescimento, que quer seguir as melhores práticas de mobilidade sustentável, a implantação do sistema BRT vai permitir não só uma forte quebra nas emissões relacionadas com a circulação automóvel, como também será uma “oportunidade” para intervir no espaço público e “eliminar feridas de opções passadas”.

Olga Pereira, vereadora com o pelouro da mobilidade e presidente do conselho de administração dos TUB, sublinha que a “inserção urbana do metrobus permitirá, à medida que a rede se for concretizando, eliminar as passagens pedonais superiores e outras barreiras arquitectónicas que ainda dificultam a concretização da cidade caminhável” que ambiciona.

No processo de implementação do novo sistema de mobilidade estão previstas serem eliminadas sete passagens superiores e uma passagem inferior, introduzindo passagens pedonais de nível entre outras medidas de segurança rodoviária. Além disso, vai possibilitar uma intervenção profunda de requalificação urbanística de zonas como o largo envolvente à estação ferroviária, há muito reivindicadas.

Pendente fica, para já, a linha amarela, que inicialmente iria entrar neste primeiro lote concursal do metrobus de Braga. A solicitação de uma série de documentos adicionais por parte da Infra-estruturas de Portugal (IP), face à contagem decrescente relacionada com a utilização de fundos do PRR, levou o município a avançar apenas com a linha vermelha. Questionado pelo PÚBLICO, Ricardo Rio garante que essa ligação é “fundamental” no puzzle de mobilidade da região, uma vez que vai entroncar com a futura estação de alta velocidade, a norte da cidade, e a ligação ao projecto de metrobus a ser desenvolvido pela cidade de Guimarães.