Primeiras carruagens “made in Portugal” para a CP prontas em 2025
26/08/2022 12:11 - Sapo Eco
No final de 2025 vão estar prontas as primeiras carruagens do comboio “made in Portugal” para a CP. A meta foi traçada pelo líder do consórcio que teve candidatura já assinada ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Ao mesmo tempo, a transportadora também está a ultimar o caderno de encargos para a […]
No final de 2025 vão estar prontas as primeiras carruagens do comboio “made in Portugal” para a CP. A meta foi traçada pelo líder do consórcio que teve candidatura já assinada ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Ao mesmo tempo, a transportadora também está a ultimar o caderno de encargos para a compra de comboios de alta velocidade.
“Daqui a três anos vamos estar a mostrar o primeiro comboio português. Teremos pronta a produção em série de três carruagens”, salientou nesta sexta-feira Mário Florentino Duarte, presidente do conselho de administração da Sermec II, empresa que lidera o consórcio.
As três carruagens poderão ser utilizadas no serviço Intercidades da CP: uma unidade de primeira classe, uma unidade de segunda classe com bar; e uma unidade de segunda classe apenas com salão de passageiros.
As carruagens vão estar equipas com tecnologia push-pull, ou seja, composições formadas por uma locomotiva que reboca um conjunto de carruagens num sentido e as empurra no sentido contrário. Para isso, a carruagem da extremidade tem que estar equipada com uma cabina de condução para o maquinista.
A solução facilita as manobras de inversão e permite adaptar a oferta à procura: tem a “flexibilidade de uma automotora e das carruagens e das locomotivas”, salientou o presidente em exercício da CP, Pedro Moreira.
O consórcio liderado pela Sermec II conta com um total de 13 empresas e representa um investimento de 58 milhões de euros. Foi um dos primeiros 13 megaprojetos a receber os milhões das agendas mobilizadoras do PRR.
Mesmo que o comboio não seja totalmente bem sucedido, as empresas que ficarem com peças homologadas, “poderão vendê-las para qualquer operador europeu”, disse o líder da CP.
A CP assume que necessita de “750 a 800 unidades para substituir a frota até 2040”, segundo Pedro Moreira. Para isso, aguarda a entrega de 22 automotoras para o serviço regional, está a decorrer a compra de 117 automotoras para os suburbanos e regionais e ainda está a preparar a compra de unidades de alta velocidade.
“Estamos a ultimar o caderno de encargos para a compra de comboios de alta velocidade, no valor de 650 milhões de euros. Queremos estar no primeiro dia da nova linha de alta velocidade [Porto-Lisboa].” Para a alta velocidade, está prevista a aquisição de 12 unidades, com mais 14 de opção. A medida já estava prevista no Programa Nacional de Investimentos 2030 e nas Grandes Opções do Plano 2021-23.
O presidente em exercício da CP assumiu também que não consegue criar novas ligações ferroviárias porque a recuperação de passageiros está a superar as expectativas e é preciso usar todo o material circulante para corresponder à procura. No primeiro semestre, o comboio foi o único meio de transporte em que a procura superou os níveis de 2019, antes da pandemia.
“Se não tivéssemos recuperado todo o material circulante, estaríamos em completo caos”, destacou Pedro Moreira.
Iniciada no final de 2019, a recuperação de material circulante que estava encostado custou 12 milhões de euros e já pôs em circulação um total de 54 unidades, entre carruagens, locomotivas e automotoras. Este material, se tivesse sido comprado como novo, teria custado 120 milhões de euros, 10 vezes mais.
Mas a recuperação e compra de comboios em concurso podem não chegar. “Se a procura continuar a aumentar nesta proporção, vamos precisar de muito mais comboios. Daí o aumento de capacidade da nossa indústria ser tão importante”, alertou Pedro Moreira.
Para ajudar a recuperar a indústria ferroviária nacional, existe a associação Plataforma Ferroviária Portuguesa, que já conta com 100 associados, entre fabricantes, transportadoras e a academia.