Linha da Beira Alta fecha em 19 de abril e só reabre no início de 2023
04/03/2022 17:24 - Dinheiro Vivo
Encerramento de nove meses deve-se às obras de modernização do troço Pampilhosa-Guarda, ao abrigo do programa de investimento Ferrovia 2020. Serviços alternativos serão comunicados mais tarde pela CP.

A Linha da Beira Alta vai fechar a partir de 19 de abril. Durante nove meses, será suspensa a ligação ferroviária entre Pampilhosa e Guarda, que será alvo de obras de modernização, anunciou nesta sexta-feira a Infraestruturas de Portugal (IP). O serviço será substituído por autocarros até janeiro de 2023 mas ainda não há detalhes sobre esta operação, a cargo da CP em conjunto com autarquias e comunidades intermunicipais.
O troço Pampilhosa-Guarda, com 160 quilómetros, conta atualmente com 30 a 45 anos de vida de utilização, tendo ficado de fora da última renovação de via na Beira Alta, na década de 1990. A IP defende que o encerramento temporário é a melhor solução para que sejam feitas obras profundas nesta ligação.
As obras na Beira Alta vão decorrer ao abrigo do programa de investimentos Ferrovia 2020, apresentado em fevereiro de 2016 e que contempla um investimento total de 2,1 mil milhões de euros. Nesta região, as obras deveriam ter ficado concluídas no primeiro trimestre de 2020, segundo o calendário divulgado na altura.
O investimento total na Beira Alta é de cerca de 500 milhões de euros, valor que inclui, por exemplo, projetos, fiscalização, sinalização e materiais. Prevê-se que os trabalhos fiquem totalmente concluídos no final de 2023. Até agora, só foram concluídas as obras entre Guarda e Cerdeira, com 14 quilómetros.
Entre Pampilhosa e Guarda, o investimento nas obras é de 254,6 milhões de euros, calcula o Dinheiro Vivo com base nos dados da IP.
As obras irão beneficiar sobretudo o transporte de mercadorias: 10 estações serão ampliadas para que haja cruzamento de comboio de 750 metros e será construída um concordância entre a Linha da Beira Alta e a Linha do Norte, deixando de ser necessária a inversão do material na Pampilhosa - poupando tempo e custos.
Para os passageiros, não são esperados ganhos de tempo de viagem - apenas serão repostas as condições de via originais.
Serão ainda suprimidas as 11 passagens de nível neste troço e serão reabilitados 10 túneis, 11 pontes e dois viadutos.
O troço Pampilhosa-Guarda vai fechar logo a seguir à Páscoa e só reabrirá em janeiro de 2023.
A gestora da rede ferroviária justifica o encerramento com a "urgência e complexidade da intervenção" tendo em conta as características da linha (87% em via única e com acessos "muito limitados").
Sem fecho de linha, "as empreitadas iriam prolongar-se por vários anos, com penalizações muito acentuadas sobre a fiabilidade e qualidade do serviço enquanto as mesmas decorressem, limitando o tipo de intervenção que poderia ser executado, nomeadamente em termos de reforço da plataforma e de túneis", alega a empresa.
A interrupção do serviço reduz entre 150 e 250 milhões no orçamento da empreitada em comparação com interdições apenas durante a noite nos dias úteis ou de 17 horas ao sábado e ao domingo, segundo os estudos feitos pela IP entre 2016 e 2017.
A partir do Porto, apenas será possível chegar à Guarda pela Linha da Beira Baixa.
Ainda assim, quando a linha reabrir, em janeiro, será apenas de segunda a sexta. Entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2024, o troço Pampilhosa-Guarda estará fechado aos fins de semana - se o calendário de obra for cumprido.
Nas obras da década de 1990, a linha não foi encerrada e não houve intervenções ao nível da plataforma. O desinvestimento das décadas seguintes levou à degradação das condições da via.