Carruagens que permitem abertura livre das portas levaram a morte de vice-reitor da Universidade de Coimbra
18/01/2022 10:57 - Observador

Após ouvir aviso de que chegara a Coimbra-B, casal abriu porta e saiu, comboio estava parado. Longe da estação, foi atingido por Alfa. Relatório diz que CP não acautelou abertura das portas.

Carruagens que permitem abertura livre das portas levaram a morte de vice-reitor da Universidade de Coimbra

A CP sabia que as portas dos comboio abriam em locais indevidos, mas não resolveu o problema até que ocorresse a morte de Sebastião Tavares de Pinho, antigo vice-reitor da Universidade de Coimbra, a 23 de janeiro de 2020, concluiu o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

Nesse dia, o professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, já jubilado, seguia no comboio Intercidades de Lisboa para Coimbra acompanhado de uma mulher de 67 anos. Quando pelas 21h33, o sinal sonoro indicou que tinham chegado à estação de Coimbra B e o comboio parou, o homem de 82 anos e a mulher saíram do comboio, mas ainda não estavam na estação — estariam a cerca de um quilómetro.

Os dois passageiros perceberam que não estavam na estação, mas tiveram receio de voltar ao comboio porque este podia retomar a marcha. A tripulação do Intercidades, no entanto, não percebeu que os passageiros tinham saído antes do tempo.

Ainda caminharam mais de 400 metros junto aos carris, quando, pelas 21h48, um Alfa Pendular “passou no local provocando a queda da passageira, que ficou com ferimentos ligeiros, e colhendo o passageiro, causando-lhe ferimentos fatais”, escreve o Jornal de Notícias citando o relatório do GPIAAF.

O relatório conclui que o acidente aconteceu devido a “uma sequência de erros dos passageiros”, mas também porque os comboios Intercidades não tinham um sistema que impedisse a abertura maual das portas quando circulavam a menos de cinco quilómetros por hora.