"Ninguém vai parar este comboio", diz Pedro Nuno Santos
14/12/2021 18:05 - Expresso

O ministro das Infraestruturas e da Habitação disse às empresas estrangeiras para virem produzir comboios em Portugal pois, caso contrário, terão "mais um concorrente". "O tempo em que o Estado português e os portugueses eram anjinhos sobre esta matéria acabou", afirmou

"Ninguém vai parar este comboio", diz Pedro Nuno Santos

O investimento na indústria ferroviária portuguesa está aí - com comboios recuperados em Portugal, como já aconteceu, e agora com comboios feitos no país. E Pedro Nuno Santos disse às empresas estrangeiras para virem produzir em Portugal pois, caso contrário terão "mais um concorrente" e avisou que "ninguém vai parar este comboio" que é a revolução ferroviária em Portugal.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação falava no lançamento do concurso de 117 automotoras elétricas que teve lugar nas oficinas de Guifões, em Matosinhos, onde referiu que irá "privilegiar" as empresas que recorram à produção nacional, com um peso de 15% na avaliação das propostas.

Pedro Nuno Santos, vincou a importância deste critério, que é o terceiro com maior peso na avaliação das candidaturas, a seguir à qualidade técnica (56%) e ao preço e condições de pagamento (21%).

"Quem quiser cumprir as regras previstas no caderno de encargos será bem vindo a Portugal, e terão aqui condições únicas não só para produzir estes [comboios em Portugal], mas daqui para o mundo", declarou, acrescentando que "quem não quiser vir, está no seu direito".

Sublinhou ainda que quer que as empresas levem este desafio - de usar produção nacional - "a sério", pois, já não é altura de comprar comboios, mas sim de produzi-los e "o tempo em que o Estado português e os portugueses eram anjinhos sobre esta matéria acabou".

"Sempre fomos muito bons a comprar lá fora, mas já chega. Nós vamos investir mais 800 milhões de euros e queremos que tenha repercussão na nossa indústria", acrescentou.

Segundo o ministro, este investimento já começou, havendo já uma oficina a funcionar, onde foi recuperado material circulante, que em dois anos permitiu "poupar ao país 130 milhões de euros, ao mesmo tempo que aumentava o material circulante".

"A industria ferroviária está a começar a florescer em Portugal e este concurso dos 117 comboios é um estimulante para que de facto Portugal venha a fazer parte do clube de fabricantes de comboios da Europa", disse, concluindo que a revolução ferroviária está a começar e que "ninguém vai parar este comboio".

Segundo os termos do caderno de encargos, apresentado pelo presidente da CP, Pedro Moreira, as 117 automotoras terão um preço base de 819 milhões de euros e a adjudicação está prevista para 2022.

A entrega do material deverá estar concluída em 2029.