Passageiros do Pragal sofrem para conseguir um lugar no comboio nas horas de ponta
14/01/2025 10:21 - Público

Com a redução do número de carruagens por composição, para aumentar a frequência, quando os comboios chegam a Almada já estão cheios.

Passageiros do Pragal sofrem para conseguir um lugar no comboio nas horas de ponta

Os passageiros da Fertagus que embarcam no Pragal, em Almada, são os que mais sofrem com a redução do número de carruagens por composição que a empresa fez a 15 de Dezembro, quando reforçou a frequência das viagens pendulares entre Setúbal e Lisboa.

Nessa altura, os comboios passaram a ser de 20 em 20 minutos mas, para ter material circulante suficiente, a empresa reduziu o número de carruagens e, por isso, milhares de passageiros debatem-se por um lugar às horas de ponta.

As estações do Pragal e de Corroios, as últimas da Margem Sul antes de o comboio atravessar o rio Tejo, são aquelas em que os passageiros mais sofrem com este problema, por o comboio chegar já cheio com as pessoas que vão entrando desde Setúbal.

Segundo números da Fertagus, a que o PÚBLICO teve acesso, às horas de ponta da manhã entram milhares de pessoas nestas duas estações dos concelhos do Seixal e de Almada. Entre as 7 e as 8 horas, embarcam no Pragal 1146 passageiros, na hora seguinte são 2005 e entre as 9 e as 10 horas são 2130. Nesses mesmos períodos de três horas, em Corroios embarcam no comboio para Lisboa ainda maior quantidade de pessoas, respectivamente 1531, 2850, 2593. Estes números, de 20 de Novembro, são já ultrapassados, não só porque o número de passageiros tem vindo a crescer – 30% no ano passado e 14% desde Novembro de 2024 – mas, sobretudo, porque o novo regime de horários mais frequentes só começou a 15 de Dezembro.

A presidente da Câmara Municipal de Almada foi esta manhã à estação do Pragal para ver de perto o que lhe tem sido relatado pelos moradores que usam o comboio da Fertagus.

“Temos recebido queixas repetidas e sistemáticas relativamente à nova organização dos comboios e constatamos que quando chegam a Almada os comboios já vem cheios uma vez que se reduziu para metade o número de carruagens”, disse Inês de Medeiros ao PÚBLICO.

A autarca, que esteve na estação às 8h desta terça-feira, registou que “hoje, curiosamente, durante algum tempo, em vez das quatro carruagens voltaram a estar as oito e isso veio provar que quando há carruagens as coisas funcionam” e que “mais tarde voltaram a ser as quatro carruagens e as pessoas voltaram a não conseguir entrar no comboio”.

Inês de Medeiros considera que o aumento da frequência do comboio da ponte é “uma coisa positiva”, mas culpa o Governo por não ter acautelado o material circulante necessário à operação.

“No seguimento da renegociação da concessão, o aumento de frequência não veio acompanhado de aumento de material circulante. A administração da Fertagus está consciente desse problema e também nos disse que há 25 anos que tem o mesmo material circulante”, disse a presidente da Câmara de Almada.

Isto porque a propriedade dos comboios e carruagens é do Estado, que tem esse material circulante concessionado à empresa responsável pela ligação.

“Lamentamos que o Governo se tenha vangloriado de uma poupança de 6 milhões de euros [a propósito da recente prorrogação da concessão à Fertagus] em vez de aplicar essa verba no reforço do material circulante”, atira a autarca socialista.

“Do nosso ponto de vista era previsível que, reduzindo o espaço e tendo em conta o aumento muito substancial dos passageiros, quando o comboio chegasse às estações já estivesse cheio”, acrescenta ainda.

De acordo com a edil, a empresa prepara-se para ensaiar uma nova solução a partir do próximo dia 20.

“A Fertagus tenciona fazer alterações. Tem estado a fazer contagens dos passageiros, estão a deixar passar a fase das festas para terem noção dos números de passageiros em horas de ponta para terem um modelo mais estabilizado a partir de dia 20”, conclui Inês de Medeiros sem adiantar que alterações poderão ser introduzidas.