Ligação entre estações de Coimbra acaba em Janeiro. Movimento de cidadãos diz que “é um erro histórico”
21/11/2024 19:06 - Público
No dia 12 de Janeiro de 2025, os comboios vão circular pela última vez no centro da cidade de Coimbra. O futuro da Estação Nova ainda é incerto.
Era um fim anunciado há muito, mas agora há uma data: a ligação ferroviária entre as duas estações da cidade de Coimbra encerra no dia 12 de Janeiro próximo. A notícia foi divulgada na edição desta quinta-feira pelo Diário As Beiras e confirmada ao PÚBLICO por fonte da Metro Mondego. “As obras estão já muito avançadas junto à estação de Coimbra B, e por isso os trabalhos vão agora incidir no canal. E isso inviabiliza, como é evidente, a circulação ferroviária.”
Durante o período em que decorrem as obras, e até que fique pronto a funcionar o sistema de metrobus, a ligação entre estações será assegurada “por um serviço rodoviário alternativo, já contratado à empresa Vale do Ave”, adianta a mesma fonte. Porém, a empresa escusa a comprometer-se ou a revelar um período para esta solução alternativa, por não ser da sua responsabilidade. Na verdade, já foram vários os prazos apontados pela dona da obra, a IP – Infra-Estruturas de Portugal, mas o mais recente fixou em Março de 2025 o fim dos condicionamentos rodoviários junto à Estação de Coimbra B. A confirmar-se este prazo, quer dizer que a obra encerra um atraso de oito meses, face ao inicialmente previsto.
Desde 2021 que o Movimento Cívico pela Estação Nova (também é assim designada a estação de Coimbra A, no centro da cidade) tem vindo a insurgir-se contra a morte anunciada daquele equipamento. Embora a ameaça de encerramento pairasse sobre a estação desde a década de 90 do século passado, quando despontou o projecto de metropolitano de superfície (que previa usar o Ramal da Lousã e fazer a ligação à estação de Coimbra B, afastada do centro da cidade), só se tornou verdadeiramente real há poucos anos, com a opção do metrobus. Desde então, o movimento tem vindo a promover reflexão e algumas acções em defesa da manutenção do espaço, bem como da ligação pela ferrovia.
“O encerramento é um erro histórico, no sentido em que é muito determinante para a cidade e para a região. E também por ser muito difícil de reverter”, disse ao PÚBLICO Luís Neto, porta-voz daquele movimento cívico. “Uma vez encerrada uma infra-estrutura pesada como esta, dificilmente se voltará a implementar”, sublinha. Ainda assim, este grupo de cidadãos continua a acreditar que, “até encerrar, ainda é possível manter a esperança. Não seria a primeira vez em Portugal que uma coisa destas é dada como garantida e depois, por qualquer motivo, acaba por ser alterada”.
Até ao final da tarde desta quinta-feira, o movimento ainda não se tinha reunido para decidir se haverá alguma acção nos próximos dias, perante o anúncio de uma data, no caso o dia 12 de Janeiro, segundo domingo de 2025.
O fim do funcionamento da Estação Nova abre de novo a discussão sobre o futuro daquele espaço. O actual executivo da Câmara de Coimbra manteve-se crítico em relação ao traçado do metrobus, mas nunca questionou o encerramento de Coimbra A. A vereadora dos Transportes e Mobilidade, Ana Bastos, inclina-se para lhe atribuir algum fim cultural, atendendo até à beleza do edifício. Já o presidente da câmara, José Manuel Silva, não se compromete com uma solução, aventando sempre a auscultação da população para lhe dar qualquer fim.
Uma das alterações na ligação entre Coimbra A e Coimbra B, assegurada a partir de Janeiro pelo Sistema de Mobilidade do Mondego, é a criação de paragens entre os dois pontos. Actualmente, a ligação ferroviária é directa. Mas quando o metrobus circular, haverá entre eles três paragens: Casa do Sal, Açude e Arnado.
Também o número de viagens por dia deverá aumentar. Actualmente, os comboios fazem uma média de três viagens por hora no troço rodoviário entre as duas estações. Porém, a Metro Mondego prevê fazer essa ligação a cada cinco minutos, nos dois sentidos. O serviço será espaçado para dez minutos em horas de menor afluência de passageiros.
O Sistema de Mobilidade do Mondego em modo metrobus irá servir os concelhos de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra, com uma operação suburbana entre Serpins (Lousã) e Portagem (Coimbra) e outra urbana, no centro da cidade.