Túnel de Santo Ovídio vai fechar 18 meses devido a obras do metro do Porto
26/10/2021 15:14 - Público
Acesso por onde passam 40 mil carros diariamente fecha por causa do prolongamento da linha Amarela, mas já não será afectado pela segunda linha de Gaia.
A boa notícia do prolongamento da Linha Amarela do metro do Porto para sul, até Vila d’ Este, traz, pelo meio, uma má notícia para quem usa diariamente o túnel rodoviário de Santo Ovídio, que liga a A1 à cidade de Gaia. A partir de terça-feira, dia 2 de Novembro, o acesso vai estar encerrado por 18 meses, pelo menos, para construção de um troço da linha que segue, inicialmente, em paralelo à via. A empresa admite fazer esforços para antecipar os trabalhos neste nó mas para isso é preciso que esta empreitada, que tem conclusão apontada para o final de 2023, não seja afectada pelos problemas de abastecimento de matéria-prima que, a par das dificuldades de contratação de mão-de-obra, pressionam as obras públicas em Portugal.
No meio deste contratempo para quem usa o automóvel, a boa notícia é que, apesar de em 2023 estar previsto o arranque das obras da segunda linha de Gaia entre Santo Ovídio e a Casa da Música, a transportadora já não necessitará de cortar este importante nó rodoviário de acesso à cidade - que se espera, também, que possa ser aliviado pela transferência de pessoas para o metropolitano. Em declarações à imprensa durante uma visita às obras, com a Metro do Porto, o reeleito autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, explicou que o município vai reforçar a disponibilidade de transporte público e redobrar a atenção da polícia municipal à rotunda de Santo Ovídio e às vias circundantes para impedir o estacionamento indevido e garantir a fluidez possível, admitindo, de antemão, que serão tempos complicados para quem não conseguir ou não quiser abdicar do automóvel. A obra “vai sobrecarregar o IC23, vai sobrecarregar a A44, vai sobrecarregar as nacionais, nomeadamente a Nacional 1”, disse.
Três frentes de obra na cidade
Este corte de um importante acesso a sul da cidade acontece em simultâneo com as obras do tabuleiro inferior da ponte Luís I, a norte, e, a leste, com a intervenção na EN222, que está condicionada para vir a receber, em breve, a primeira linha de metrobus da região. Uma coincidência de calendário não propositada, assinalou o autarca, que se deve às regras da contratação pública e à necessária intervenção do tribunal de contas, em obras da autarquia e, no caso da ponte, da Infra-Estruturas de Portugal. Tudo isto vai gerar problemas de circulação no curto prazo mas, no final, o concelho ganhará dois novos serviços de transporte público que contribuirão para melhorar as condições de mobilidade desta e das próximas gerações, enfatizou.
Já o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, explicou que a empresa ainda avaliou, tecnicamente, a possibilidade de levar a cabo a obra em Santo Ovídio sem cortar totalmente o túnel, mas quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista da segurança, explicou, foi considerado que não haveria condições para tal. A obra vai é avançar o mais rapidamente possível neste ponto do novo prolongamento de modo a que, ainda antes da conclusão destes três quilómetros de linha nova, o túnel rodoviário possa reabrir ao trânsito. Nessa altura, o espaço estará também já preparado para vir a receber o término/arranque da Linha das Devesas evitando, assim, que um ano depois tenha de haver novo corte, como se referiu.
Túnel no hospital prestes a arrancar
Em Santo Ovídio, a linha Amarela prolonga-se para sudeste em viaduto durante algumas centenas de metros até entrar num túnel (ainda não construído) por onde chegará à estação Manuel Leão. Aqui, a frente de obra decorre com normalidade e foi já escavado e consolidado parte do poço da estação, que terá três pisos em 20 metros de profundidade e permitirá construir, à superfície, um novo espaço público, em anfiteatro, aproveitando o declive do terreno. Esta estação serve a zona do Monte da Virgem e do bairro do Rosário, bem como a escola Soares dos Reis, e dela o metro seguirá no subsolo até desembocar, à superfície, ao lado do Hospital Santos Silva.
Nesta outra frente de obra, a imagem de Santa Bárbara está já a postos, benzida e colocada num nicho, como é tradição entre os mineiros, para que ainda esta semana se iniciem os trabalhos de abertura do túnel de cerca de um quilómetro, em direcção a norte, até desembocar na estação Manuel Leão. Na direcção oposta, os trabalhos, que ainda não começaram, são mais simples, tendo em conta que a linha seguirá à superfície até à populosa urbanização de Vila d’Este. Objectivo: concluir os trabalhos em dois anos. “A nossa previsão e intenção continua a ser claramente o 31 de Dezembro de 2023, é esse o nosso compromisso. Haverá uma fase de pré-operação. Eu diria que no início de 2024, em Janeiro, a linha estará em condições de ser utilizada comercialmente”, afirmou o presidente da Metro do Porto.