A Arriva, filial da empresa alemã de transportes Deutsche Bahn, poderá ainda vir a disputar o domínio das rotas entre Portugal e Espanha com a CP – Comboios de Portugal, principalmente no eixo Corunha-Porto.

Informações avançadas pelo jornal espanhol ‘Expansión’ dão conta de que os planos da Arriva, datados de 2019, não chegaram a concretizar-se devido a especificidades técnicas dos caminhos-de-ferro deste lado da fronteira. A empresa volta agora a colocar novamente esses planos em cima da mesa devido à forte procura que se tem registado no transporte ferroviário com a liberalização das linhas em dezembro de 2020, que acabou com o monopólio da Renfe.

A Arriva ainda tem em mãos algumas condicionantes técnicas que terá que resolver antes de se estabelecer nos caminhos-de-ferro em Portugal. Acontece que em Espanha, os comboios operam com um eixo de padrão internacional, ao passo que em Portugal os comboios estão munidos de um eixo ibérico. Estes pormenores terão que ser acautelados pela Arriva antes de poder estabelecer uma rota que atravesse a fronteira a norte, vinda da Galiza.

Em 2019, a Arriva recebeu luz verde por parte do regulador dos transportes espanhol para operar a linha férrea internacional, pois não colocaria em risco a saúde financeira da Renfe.

Caso venha realmente a concretizar-se, o plano da Arriva é estabelecer um percurso entre a Corunha e o Porto, com paragens em Santiago de Compostela, Vilagarcia de Arousa, Pontevedra, Vigo Guixar, Valença do Minho e Nine, num trajeto com 337 quilómetros e com uma duração estimada de pouco menos de três horas.

Em 2018, a Arriva tinha dito que em 2020 começaria a operar um comboio direto entre Corunha e Porto, mas em dezembro os planos caíram por terra, ficando em suspenso esta rota. Na altura, o ‘Público’ havia avançado que a autoridade da Autoridade da Concorrência tinha dado autorização à realização do projeto, o que contrariou as alegações da Renfe de que a operação da Arriva iria prejudicar gravemente a saúde financeira da empresa pública espanhola.

Contudo, o projeto da Arriva não se concretizou, segundo consta, porque a rede de caminhos-de-ferro não estaria totalmente eletrificada em ambos os lados da fronteira. A pandemia de Covid-19 também terá sido apontada como um fator que veio levantar obstáculos acrescidos à nova rota da Arriva, com o responsável da Arriva Espanha a afirmar em 2020 ao mesmo jornal português que o projeto não arrancaria nos próximos anos.

A ‘Executive Digest’ contactou a Arriva para obter esclarecimentos sobre as intenções, planos e possibilidades de colocarem em marcha este plano e aguarda resposta por parte da empresa.