Empresas de transportes têm dificuldade em contratar e precisam de ir buscar reformados
04/05/2023 05:58 - Sapo Eco
CP e Metro de Lisboa são as empresas de transportes com mais dificuldades em contratar trabalhadores para as oficinas. As duas companhias estão mesmo a ser obrigadas a chamar trabalhadores já reformados para reforçarem temporariamente os quadros. Maior autonomia de gestão sobre o Estado é a principal exigência. “Queremos estar em pé de igualdade com […]
CP e Metro de Lisboa são as empresas de transportes com mais dificuldades em contratar trabalhadores para as oficinas. As duas companhias estão mesmo a ser obrigadas a chamar trabalhadores já reformados para reforçarem temporariamente os quadros. Maior autonomia de gestão sobre o Estado é a principal exigência.
“Queremos estar em pé de igualdade com os privados. Ambicionamos estar no mercado com os privados com autonomia de gestão. Não podemos estar amarrados a regras. Estado tem de se posicionar como um acionista normal, caso contrário a CP vai desaparecer”, avisou Pedro Moreira, presidente do conselho de administração da CP.
Pedro Moreira concretizou a afirmação com as dificuldades na hora de procurar talento: “Temos técnicos altamente qualificados que pedem 50% acima do valor-base que podemos pagar. Se for conduzir um tuk-tuk em Lisboa ganho muito mais do que numa oficina da CP, dizem os técnicos que saem das oficinas”. Também há dificuldades no recrutamento para a área de sistemas de informação.
O Metro de Lisboa vive problema semelhante. “Temos imensa dificuldade em arranjar quadros: perdemos muita formação e estamos a recorrer a reformados para resolver o nosso problema. Não podemos esperar pelas pessoas se reformarem, pois os recursos humanos são fundamentais para garantir o investimento da ferrovia”, adiantou Vítor Domingues dos Santos.
O líder do Metro de Lisboa também reclamou maior autonomia de gestão e exigiu um contrato de serviço público junto do Estado, garantindo previsibilidade no financiamento e fixando metas de frequência de comboios para os passageiros.
A exigência de maior planeamento também veio da parte da Infraestruturas de Portugal. “O Plano Ferroviário Nacional não nos dá uma listagem de investimentos. Dá-nos um horizonte. Os investimentos ao longo do tempo terão oscilações, mas permitem dar-nos uma visibilidade sobre os trabalhos que queremos fazer. Isto tem de introduzir uma mensagem do Estado sobre qual o caminho a seguir. Terão de ser criadas condições para os investimentos”, referiu o presidente da gestora da rede ferroviária nacional, Miguel Cruz.
Mais otimista, o presidente do Metro do Porto, Tiago Braga, salientou que “o atual contexto é favorável ao investimento de transporte coletivo” e permitirá alavancar a expansão da rede.