Beira Alta: operadores ainda sem compensações
16/11/2022 16:13 - Transportes & Negócios

Sete meses volvidos sobre o encerramento da Linha da Beira Alta, Medway e Takargo ainda não receberam um cêntimo de compensação pelos sobrecustos em que incorrem. 

Beira Alta: operadores ainda sem compensações

Foi no início de Março passado que a Infraestruturas de Portugal (IP) anunciou o encerramento da circulação ferroviária na Linha da Beira Alta, a partir de 19 de Abril e por um período estimado de nove meses, para acelerar a modernização daquela via. Com os operadores de transporte de mercadorias obrigados a desviar as cargas para a Linha da Beira Baixa e Linha do Leste, logo ficou dito que seriam ressarcidos dos sobrecustos em que incorressem.

Porém, sete meses volvidos – dos nove inicialmente previstos -, nem a Medway nem a Takargo receberam qualquer compensação. Mais, a Takargo terá sido, até ao momento, a única a assinar o acordo com a IP (no passado dia 7), mas, como Álvaro Fonseca, responsável da empresa, adiantou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS, “ainda há um longo caminho a percorrer de recolha de documentação para apresentar antes de conseguirmos receber algum dinheiro”.

E os prejuízos acumulados são elevados. Ao ponto de Bruno Silva, gestor da Medway, ter avisado, no recente Seminário de Transporte Ferroviário do TRANSPORTES & NEGÓCIOS, para o risco de, no final, o País ficar dotado com uma melhor rede para o transporte ferroviário de mercadorias, mas sem operadores, nem clientes.

Na altura, também Egídio Lopes, da KLog, uma das companhias que mais aposta na ferrovia, alertou para a situação e pediu um rápido entendimento entre a IP e os operadores.

Entretanto, já se sabe, o fecho da Linha da Beira Alta será muito superior ao inicialmente previsto. Meados de 2023 ou inícios de 2024 são agora as novas datas para a retoma das operações, mas ninguém arrisca comprometer-se.

Por falar em compensações de sobrecustos que tardam em chegar aos operadores, a 15 de Setembro o ministro da Economia anunciou 15 milhões de euros para apoiar as empresas de transporte ferroviário de mercadorias a fazer face ao aumento dos preços da energia eléctrica e do gasóleo. O apoio a atribuir a partir de 1 de Outubro seria de 2,11 euros por quilómetro percorrido no caso das locomotivas eléctricas, e de 2,64 euros/km no caso das locomotivas a diesel.

Mas chegados a meio de Novembro, “o que temos é a resolução do Conselho de Ministros”, lamentou Álvaro Fonseca. “A operacionalização com o IMT, penso que ainda tardará bastantes meses”, acrescentou o líder da Takargo, em declarações ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.

Na inversa, a proposta de taxa de uso da infra-estrutrura ferroviária apresentada pela IP aos operadores para 2024, prevê um “aumento de 20%, de 2023 para 2024”, criticou Bruno Silva (Medway), no Seminário de Transporte Ferroviário. Uma situação que contrasta, por exemplo, com o anúncio da continuação da redução das taxas de portagens nas auto-estradas no Interior.