Governo tem 781 milhões de euros para a ferrovia  
11/10/2022 07:26 - Dinheiro Vivo

Caderno de investimentos públicos está mais pesado este ano e a ferrovia absorve a maior fatia. CP vai comprar 139 comboios e lançar concurso para a aquisição de mais 12 de alta velocidade.

Governo tem 781 milhões de euros para a ferrovia  

No próximo ano o governo vai investir um total de 781 milhões de euros na ferrovia nacional. O Executivo admite que este valor atinge "níveis de investimento sem precedentes, que contribuirão para a capacitação e consolidação deste modo de mobilidade ambientalmente sustentável em todos os corredores que integram a Rede Ferroviária Nacional, prevendo-se uma execução superior em 132% em 2023". Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023), há quatro grandes investimentos em cima da mesa.

O Corredor Internacional Sul tem uma dotação alocada de 234 milhões de euros em 2023. Segundo o documento, está prevista a intervenção em mais de 170 quilómetros de via, incluindo a nova linha entre Évora e a linha do Leste - destacando-se a execução da empreitada de via e catenária entre Évora e Elvas/Fronteira em 2023 -, a modernização da linha de Vendas Novas e a intervenção na linha de Sines - prosseguindo-se a execução do projeto entre Ermidas do Sado e Sines. O segundo investimento, que visa a modernização da Linha da Beira Alta, nomeadamente entre Santa Comba Dão e a Guarda, está orçada em 261 milhões de euros. Já para as linhas do Minho e do Norte está previsto um investimento de 133 milhões de euros no próximo ano. Por fim, a última fatia do investimento global, 153 milhões de euros, será destinada à modernização de linhas como Sintra ou Algarve, contemplando ainda as intervenções transversais de melhoria das condições de segurança, com a eliminação de passagens de nível e instalação de sinalização eletrónica.

Contas feitas, o Estado prevê um aumento do investimento público em 36,9% no próximo ano, face a 2022, para 8618 milhões de euros, assumindo um peso de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O Executivo destaca que o "o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vem reforçar o papel crucial do investimento público, estando ancorado na Estratégia Portugal 2030 e visando a concretização de um conjunto de investimentos que promovam a especialização da economia portuguesa, a convergência com a União Europeia e a aceleração da transição digital e climática".

Também o investimento estruturante contará com uma verba de 2262 milhões de euros. No capítulo dos transportes destaca-se a expansão das redes do metro de Lisboa, do Porto e do Mondego, que prevê uma dotação de 653 milhões milhões de euros. Já a aquisição de material circulante para as empresas públicas de transportes representará um investimento 228 milhões de euros, que inclui a compra de 139 comboios para a CP. O metro de Lisboa verá a frota crescer 20% e a Transtejo contará com 10 novos navios. Para a rodovia o OE 2023 destina 43 milhões de euros e para a habitação a dotação ascende aos 490 milhões de euros.
CP compra 12 comboios de alta velocidade

No próximo ano, a CP vai ainda avançar com o concurso para a compra de 12 comboios de alta velocidade, num investimento total estimado de 336 milhões de euros. Os comboios destinam-se a servir a Linha de Alta Velocidade que ligará o Porto e Lisboa. A compra será realizada com capitais próprios da CP. Na lista de metas está ainda a adjudicação do concurso lançado em 2021 para a compra de 117 comboios (62 automotoras elétricas para os serviços urbanos e 55 para os serviços regionais), orçamentado em 829 milhões de euros e financiado pelo Fundo Ambiental e por fundos europeus. O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, tinha já referido recentemente que a conclusão daquela que intitulou como "a maior aquisição de comboios de toda a história da CP" só estaria fechada no início de fevereiro de 2023 e não durante este ano, conforme estava previsto, devido à falta de stock de comboios em stand. O Orçamento do Estado para 2023 adianta ainda que no próximo ano entra em execução o contrato estabelecido entre a CP e a Stadler Rail - aprovado pelo governo em setembro de 2018 - para o fornecimento de 22 automotoras para o serviço regional - 12 unidades híbridas e 10 unidades elétricas -, que custarão 158,14 milhões de euros.