Madrid vê comboio para Lisboa no fim de 2023
31/08/2022 17:48 - Transportes & Negócios
Lisboa e Madrid estarão ligadas no final de 2023 por uma linha de comboio "digna e de qualidade". Palavra da ministra dos Transportes de Espanha.

Raquel Sánchez disse-o, hoje, numa audição parlamentar sobre o funcionamento do primeiro troço de “comboio rápido” (a que hoje se referiu como “Alta Velocidade”) na região da Extremadura, entre Plasencia e Badajoz, na fronteira com Portugal.
“Melhorará também as ligações internacionais quando a linha que unirá Elvas-Badajoz com Lisboa e com Sines for uma realidade, o que está previsto para final do ano que vem. Lisboa, Badajoz e Madrid estarão unidas por uma linha ferroviária digna e de qualidade”, disse a ministra.
Antes, Raquel Sánchez tinha dito que o primeiro troço de comboio rápido na Extremadura é “uma grande oportunidade” para o mais de um milhão de habitantes desta região, que faz fronteira com o Alentejo, referindo que a torna “mais competitiva” e que já está a atrair investimentos por causa da possibilidade de transporte de mercadorias por via ferroviária.
Raquel Sánchez foi confrontada pela Oposição com o facto de o comboio rápido ter chegado este ano à Extremadura, como prometido pelo governo espanhol, mas de não permitir a ligação para “outros territórios”, nomeadamente, regiões vizinhas e Madrid.
Isto porque o troço, com cerca de 150 quilómetros, que começou a funcionar em 19 de Julho, entre Plasencia a Badajoz, não está ligado depois a qualquer outra linha de Alta Velocidade. Assim, a ligação ferroviária entre Plasencia e Madrid continua a ser feita numa linha convencional, não electrificada e de via única.
Ainda assim, a viagem de comboio entre Badajoz e Madrid passou a ter menos 51 minutos.
Na viagem de teste feita em Junho no novo troço, o comboio demora duas horas e 15 minutos, com duas paragens (Mérida e Cáceres), entre Badajoz e Plasencia, a que se juntam mais quase três horas para quem quiser seguir até Madrid.
No novo troço, o comboio circula com uma velocidade média de pouco mais de 100 quilómetros por hora, segundo os deputados da Oposição, que sublinharam que não é uma linha “de Alta Velocidade”.
Os deputados da Oposição acusaram também o governo espanhol de ter apressado a inauguração, para poder dizer que foi cumprida a promessa de levar a Alta Velocidade à Extremadura até Agosto, o que resultou em incidentes e atrasos frequentes na linha.
“É o comboio da vergonha”, “uma piada” e “gato por lebre”, disseram os deputados críticos do Executivo, que fizeram eco de protestos da população da Extremadura, que sublinha que o “comboio rápido” não é um comboio de Alta Velocidade e até Madrid, como foi prometido há mais de 20 anos pelas autoridades espanholas.
A promessa foi sendo repetida pelos diversos governos, sem nunca se concretizar, até ter havido diminuição da oferta e, em 2012, uma promessa de um “comboio rápido” que só este ano se materializou e apenas num troço.
Um dos comboios suprimidos nesta região foi o Lusitânia, em 2011, entre Lisboa e Madrid, que atravessava a fronteira portuguesa do Caia e entrava em Espanha por Badajoz.
O comboio de Alta Velocidade nesta linha chegou a estar negociado com Portugal, com os dois países a anunciarem a ligação entre Madrid e Lisboa, por Badajoz, numa cimeira em 2002 entre os dois governos, então liderados por Durão Barroso e José Maria Aznar.
Ráquel Sánchez reconheceu, perante os deputados, que houve um “abandono histórico em matéria ferroviária” da Extremadura e afirmou que o governo assumiu o compromisso de responder a “reclamações justas” da população.
A ministra disse que em 2018, quando o atual Governo liderado pelos socialistas tomou posse, encontrou na Extremadura infra-estruturas ferroviárias “obsoletas, mais próximas do século XIX do que do século XXI”.