Principal entrada de mercadorias por comboio fecha na primeira metade de agosto
25/07/2022 05:53 - Sapo Eco
Portugal vai ficar sem a principal entrada de mercadorias por comboio na primeira quinzena de agosto. O troço da Linha da Beira Alta entre Guarda e Vilar Formoso estará encerrado entre 1 e 15 de agosto, segundo informação obtida pelo ECO junto da Infraestruturas de Portugal (IP). Nesse período, boa parte das cargas terá de […]
Portugal vai ficar sem a principal entrada de mercadorias por comboio na primeira quinzena de agosto. O troço da Linha da Beira Alta entre Guarda e Vilar Formoso estará encerrado entre 1 e 15 de agosto, segundo informação obtida pelo ECO junto da Infraestruturas de Portugal (IP). Nesse período, boa parte das cargas terá de ser transportada por camião.
“No decurso dos trabalhos em execução verificaram-se, pela natureza geológica encontrada na plataforma de via, condições significativamente mais complexas que, face à extensão envolvida, obrigam ao encerramento temporário deste troço“, assim a IP o encerramento deste troço ferroviário.
A gestora da rede ferroviária nacional também assume que “estão a ser articuladas soluções de transporte alternativo com todos os operadores ferroviários afetados” pelo encerramento.
As empresas ferroviárias de mercadorias, como a Medway e a Takargo/Captrain, terão de usar o camião para enviar as cargas aos clientes. “É um encerramento que irá ter um impacto relevante: parte da operação será suspensa e outra parte migrará para o modo rodoviário”, lamenta Miguel Rebelo de Sousa, diretor-executivo da Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias (APEF) e da qual fazem parte as duas transportadoras.
O mesmo responsável assinala ainda o “risco que representa” a passagem das cargas dos comboios para os camiões: “é contrário ao que se pretende, nomeadamente no que se refere à descarbonização do transporte de mercadorias”.
Para tentar baixar os prejuízos pela interrupção da linha, a IP acena com uma “compensação financeira” pelos “sobrecustos incorridos“. Mas a APEF refere que “ainda não foram definidos” os detalhes sobre as indemnizações.
Enquanto não houver comboios na Beira Alta, a Linha do Leste, entre Elvas e Entroncamento, é a principal alternativa ferroviária disponível, apesar de esta ligação não estar eletrificada.
O encerramento temporário do troço Guarda-Vilar Formoso não estava contemplado no plano de investimentos Ferrovia 2020. As obras para esta ligação deveriam ter decorrido entre o final de 2017 e o primeiro trimestre de 2019, segundo o calendário de apresentação do plano, de fevereiro de 2016.
O investimento na modernização da Linha da Beira Alta é de 550 milhões de euros e levou ao encerramento, em 19 de abril, e por um período previsto de nove meses do troço Pampilhosa-Guarda. Pelo fecho deste troço “também ainda não foram formalizadas as compensações” junto das transportadoras de mercadorias por comboio.
No caso dos utentes, os comboios foram substituídos por um serviço alternativo por comboio nos troços Pampilhosa-Guarda e Guarda-Vilar Formoso, mesmo quando este troço está aberto.
Quando a ligação reabrir, as viagens de comboios para passageiros vão demorar menos 30 minutos porque serão retomadas as normais condições de circulação, que atrasaram as deslocações nos últimos anos.
Os comboios de mercadorias poderão ter até 750 metros de comprimento em vez dos anteriores 450 metros.
É a segunda vez em dois anos que é encerrada a principal entrada de mercadorias por carris em Portugal. Em agosto de 2020, não houve comboios no troço Salamanca-Fuentes de Oñoro para a Adif, congénere espanhola da IP, concluir as obras de eletrificação.
A Linha da Beira Alta também era utilizada pelos comboios noturnos Lusitânia e Sud Expresso, para Madrid e Hendaya, respetivamente. Os serviços foram suspensos unilateralmente pela Renfe, transportadora ferroviária espanhola que era parceira da CP nestes comboios, em 17 de março de 2020.