Grupo de Humberto Pedrosa associa-se à Takargo e à Renfe para transportar automóveis de Barcelona para Portugal. Primeiro comboio chega esta quarta-feira ao porto de Setúbal.

Está prevista para esta quarta-feira a chegada do primeiro comboio porta-automóveis que passará a realizar-se semanalmente entre Martorell (Barcelona) e Setúbal, numa operação logística liderada pela Barraqueiro e a Pecovasa Renfe Mercancias, em parceria com Takargo (empresa do grupo Mota Engil).

Esta oferta de transporte é realizada por uma composição com 16 vagões de duplo piso que transportam 184 automóveis em cada sentido. De Martorell para Portugal virão carros da Seat e em sentido contrário serão transportadas viaturas da Volkswagen.

De acordo com Castanho Ribeiro, director do grupo Barraqueiro, cada comboio retira 23 camiões da estrada, no que se traduz numa eliminação de 27 toneladas de CO2 por viagem. Ao fim de um ano, e considerando as viagens de ida e volta entre a Catalunha e Setúbal, esta operação vai evitar a emissão de 2627 toneladas de CO2 para a atmosfera. Um valor que não é líquido porque haveria que considerar as emissões do modo ferroviário, dado que pelo menos uma parte do percurso será feito com locomotivas a diesel. Entre Salamanca e Vilar Formoso há um troço que não está electrificado.

Esta operação é a segunda experiência da Barraqueiro no transporte ferroviário de mercadorias (neste caso de automóveis) uma vez que o grupo realiza desde há dois anos – através da sua afiliada Rodocargo – o transporte de veículos desde a Autoeuropa, em Palmela, para o porto de Setúbal. Uma experiência consolidada que consiste na circulação de três comboios por dia, de segunda a sábado, que carregam diariamente 650 carros.

Paralelamente, a Rodocargo tem em fase de conclusão a construção de um terminal rodo-ferroviário para automóveis em Praias Sado (Setúbal), que está a ser desenvolvido no âmbito de uma parceria com a Sapec. Este Terminal Logístico Automóvel (TLA) será o maior do país em capacidade multimodal e conta com 6000 lugares de parqueamento e 64 postos de carregamento rápido para viaturas eléctricas.

A Barraqueiro pretende que o TLA seja uma plataforma de recepção e distribuição de veículos de várias marcas na Península Ibérica. Isto significa que o terminal extravasa a dimensão portuária pois nem todos os automóveis serão embarcados em navios, podendo ser distribuídos por via terrestre para vários pontos da Península.

A sócia deste negócio é a Pecovasa Renfe Mercancias, uma empresa especializada no transporte de automóveis que é detida em 85% pelo operador público espanhol e em 15% pela também estatal DB Ibérica Holding, que pertence à Deutsche Bahn.

A Takargo, empresa do grupo Mota Engil, assegurará a tracção deste comboio ao longo de todo o percurso em ambos os países. Uma solução que poderá não ser duradoura, uma vez que a Barraqueiro quer tornar-se também operador ferroviário de mercadorias.

O grupo já pediu a licença para ser operador ferroviário de passageiros, tendo anunciado a sua intenção de explorar comboios rápidos no eixo Braga – Faro em concorrência directa com a CP.

Indirectamente, a Barraqueiro já é dona de uma operação ferroviária pois a Fertagus, que detém a concessão dos suburbanos entre Lisboa e Setúbal, pertence aquele grupo.