IP vai assumir gestão do terminal da Bobadela
04/11/2021 10:04 - Transportes & Negócios

Está decidido. A IP vai gerir o terminal norte do Complexo Ferroviário da Bobadela até 2026, data em que terá de abandonar os terrenos que passarão para domínio da Câmara Municipal de Loures.

IP vai assumir gestão do terminal da Bobadela

Mário Fernandes, director de planeamento estratégico da IP, revelou no Seminário de Transporte Ferroviário promovido pelo TRANSPORTES & NEGÓCIOS, que “até 2026 temos de fazer a retirada total da Bobadela. A IP irá estudar e construir um novo complexo numa nova localização e a exploração dos terminais terá de ter em conta os contratos que estão em vigor. Mas será a IP a gerir o terminal que irá ficar em funcionamento até 2026”.

Com esta decisão fica, assim, descartada a hipótese de lançamento de um novo concurso para a concessão do terminal ou até mesmo uma adjudicação directa.

Recorde-se que no final de Abril, o Governo aprovou em Conselho de Ministros um conjunto de medidas para preparar as Jornadas Mundiais da Juventude de 2023 onde se inclui o estabelecimento de um calendário para a relocalização definitiva do Complexo Logístico e Multimodal da Bobadela. O calendário definido pelo Executivo estabelece que até 31 de Dezembro de 2022, o terminal sul do complexo (concessionado à Medway) tem de estar desimpedido, assim como o terminal central (pertencente à IP). A desocupação definitiva da parcela central deve concretizar-se até 25 de Abril de 2024, enquanto o terminal norte (que esteve concessionado à ALB) deve ficar livre até 31 de Dezembro de 2026. Na altura, o Governo deu indicações à IP para começar “de imediato todos os trabalhos, diligências e procedimentos necessários à relocalização do Complexo Logístico da Bobadela”, tendo definido para o efeito um orçamento de seis milhões de euros.

Sobre a nova localização, Mário Fernandes disse que a IP contratou um consultor para determinar onde vai ficar o novo complexo ferroviário e que “todas as localizações que foram pensadas no passado vão ser analisadas e estudadas em pé de igualdade, avaliando-se todos os prós e contras. A localização escolhida não poderá comprometer o abastecimento da Grande Lisboa. Estamos a receber os resultados dos estudos feitos pelo consultor e até final do ano vamos analisar os resultados internamente. Por outro lado, queremos aprofundar o diálogo com os operadores para os envolver no processo, tendo já em conta localizações concretas. Também fizemos consultas aos stakeholders do mercado, com recolha de informação. Quando se fechar a Bobadela tem de estar em funcionamento uma alternativa real e válida e consensual”.

Em relação à concessão de futuros terminais ferroviários, Mário Fernandes salientou que “a IP é uma empresa pública e depende da vontade política de cada momento. Queríamos atrair privados para a gestão dos terminais públicos e neste momento essa não é a prioridade política. Em todo o caso, a IP não tem recursos infinitos, portanto, a gestão pública que fazemos iremos mantê-la enquanto for essa a determinação política. Não há uma resposta definitiva para dar neste momento”.

O presidente da Medway não vê com bons olhos que seja a IP a gerir o terminal norte do complexo da Bobadela até 2026.

Carlos Vasconcelos, que também interviu no seminário, começou por sublinhar que “a Bobadela é insubstituível” e que o encerramento do complexo irá prejudicar a actividade do operador ferroviário, apesar de reconhecer que “a IP está a trabalhar numa solução”.

No entanto, referiu que “o que nos preocupa é que a IP irá continuar a fazer a gestão da Bobadela na fase transitória, devido às dificuldades da IP em termos de adaptação às necessidades de mercado”.

Questionado sobre o risco de entregar a um operador privado a gestão do único terminal remanescente da Bobadela, o gestor sustentou que existem modelos que podem evitar essas situações, uma vez que os terminais podem ser públicos mas com gestão privada, tornando-os mais eficientes.

Já Álvaro Fonseca, da Takargo, disse acreditar que a IP está sensibilizada para os problemas dos operadores e da cadeia logística. No entanto adiantou que “só ficarei descansado quando tiver um terminal montado e em funcionamento. A nossa maior preocupação é que se estrague o que estava a ser feito, que se demore muito e que a solução encontrada não funcione para Lisboa. A Bobadela funcionava muito bem e não será fácil replicar o que lá está. Por mim, o terminal da Bobadela não sairia, mas agora é preciso assegurar os mínimos e que se chegue urgentemente a um compromisso”.

Banner newsletter