Oferta na Linha de Cascais só voltará ao normal em Setembro ou Dezembro deste ano
26/06/2024 06:01 - Público

Desde o incêndio na subestação do Cais do Sodré, em Março, que a CP opera com menos 30% dos comboios nesta linha suburbana.

Oferta na Linha de Cascais só voltará ao normal em Setembro ou Dezembro deste ano

Foi em 19 de Março que um incêndio na subestação (equipamento eléctrico de alta potência que fornece energia à catenária) do Cais do Sodré levou à interrupção do serviço na Linha de Cascais, que depois seria retomado, mas com fortes limitações fazendo que com que, três meses depois, a oferta se mantenha 30% abaixo do normal.

Antes daquele incidente circulavam nos dias úteis 204 comboios na linha de Cascais, dos quais 66 curtos (só entre Cais do Sodré e Oeiras nos dois sentidos) e 65 rápidos entre Oeiras e Cascais (também nos dois sentidos). Desde Março a oferta foi reduzida a 143 comboios por dia, todos a pararem em todas as estações.

As consequências estão à vista para quem diariamente utiliza a CP naquele eixo suburbano: comboios apinhados, sobretudo à hora de ponta, situação que tenderá a agravar-se igualmente fora das horas de ponta com o grande afluxo de passageiros para as praias e o aumento de turistas.

A IP não respondeu às perguntas do PÚBLICO sobre esta situação, mas fonte oficial da CP diz que “temos a indicação de que a IP está a trabalhar numa solução que poderá permitir a reposição do nível de oferta anterior em Setembro de 2024. No entanto, no limite, o serviço será totalmente reposto até Dezembro de 2024”.

A mesma fonte diz que “assim que o serviço estiver totalmente reposto, a CP fará um balanço dos eventuais prejuízos decorrentes desta limitação e nessa altura iremos solicitar as compensações devidas que possam existir”.

Por parte da IP, na semana seguinte ao incêndio, a empresa comunicou que “neste momento não é possível fornecer um prazo rigoroso [para a reposição normal do serviço], uma vez que ainda decorre a fase de avaliação detalhada dos danos”, pelo que “oportunamente será emitido um plano de acção”.

Três meses depois a IP não comunicou nenhum plano nem respondeu às questões do PÚBLICO sobre quais os problemas técnicos, ou outros, que impediram que a situação fosse resolvida até ao momento, nem deu qualquer estimativa para a regularização do serviço ferroviário. Esta ausência de comunicação é, aliás, uma prática reiterada do gestor das infra-estruturas que deixou de anunciar prazos para a conclusão de obras, como acontece na Linha da Beira Alta, fechada em Abril de 2022 por um prazo de nove meses sem que a empresa responda às perguntas do PÚBLICO sobre as razões do atraso e eventual data de reabertura.

O incêndio na subestação foi provocado pelas obras do Metro e afectou a capacidade de fornecer energia eléctrica ao troço inicial da linha de Cascais. Esta linha tem subestações em Cais do Sodré, Belém, Cruz Quebrada, Paço de Arcos, Carcavelos e São Pedro. Como a primeira está inutilizada, a potência que chega ao troço inicial da linha até Belém não permite que nele circulem mais do que dois comboios ao mesmo tempo e daí a redução da oferta.