Desenvolver a ferrovia? Oposição queixa-se de atrasos e só o PAN pede concurso de TGV na próxima legislatura
09/01/2024 17:34 - Sapo 24

A oposição foi hoje unânime nas críticas aos atrasos no desenvolvimento da ferrovia, com PCP e BE a pedir transparência ao projeto do TGV, e apenas o PAN insistiu que o concurso deve ficar para a próxima legislatura.

Desenvolver a ferrovia? Oposição queixa-se de atrasos e só o PAN pede concurso de TGV na próxima legislatura

No debate parlamentar marcado pelo PS sobre novas ligações ferroviárias, em que os socialistas recomendam ao Governo que arranque com o concurso da Linha de Alta-Velocidade Porto-Lisboa até final de janeiro para não perder fundos europeus, a maioria das críticas da oposição centrou-se no tempo que consideram ter sido perdido pelo atual e anteriores executivos.

“Não tem sido por falta de apoio parlamentar que esta e outras iniciativas não têm avançado, sempre prometidas em vésperas de eleições e sempre adiadas”, criticou o deputado do PCP Bruno Dias.

Ainda assim, os comunistas defendem uma maior transparência neste projeto de alta velocidade e a necessidade de abandonar o modelo das Parcerias Público Privadas (PPP), dizendo ser necessário “aprender com as más experiências destas opções”.

Pelo BE, a deputada Isabel Pires defendeu que o investimento na ferrovia deve ser uma prioridade do país, mas considerou que “durante décadas a opção foi em sentido contrário”.

Os bloquistas defendem, numa recomendação ao Governo, que o projeto do TGV seja “pensado em estreita articulação com as autarquias e movimentos de cidadãos” e que se reduza o valor do passe ferroviário nacional para 40 euros.

A porta-voz e deputada única do PAN, Inês Sousa Real, lamentou que Portugal seja o terceiro país europeu que “mais ferrovia perdeu nas últimas décadas”, mas considerou que o investimento no TGV não pode “ficar sequestrado por um acordo PS/PSD”.

“Propomos ao Governo que assegure junto das instituições europeias o alargamento do prazo da candidatura para que seja possível na próxima legislatura uma maioria parlamentar avançar com a linha de alta velocidade”, defendeu.

Já o deputado único do Livre, Rui Tavares, lamentou que os partidos à direita não tenham apresentado qualquer iniciativa legislativa neste debate “como se nada tivessem a acrescentar sobre o tema” e desafiou o PS a aprovar a sua recomendação que pede o retomar dos comboios noturnos entre Portugal e Espanha.

Pela Il, o líder Rui Rocha repetiu em plenário o apoio inequívoco à linha de alta velocidade que tinha transmitido aos jornalistas, minutos antes, nos passos perdidos da Assembleia da República.

“Numa futura solução governativa, a IL será a locomotiva do desenvolvimento ferroviário em Portugal e da alta velocidade”, prometeu.

O Chega, através do deputado Bruno Nunes, não explicitou a posição do partido quando ao concurso da alta velocidade.

Já com o novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, no plenário, o PSD aproveitou para atacar a sua fama de fazedor, com o deputado António Topa Gomes a questionar quais foram os seus feitos na ferrovia enquanto ministro das Infraestruturas, em particular no distrito de Aveiro, por onde ambos foram eleitos deputados.

O deputado social-democrata recordou que António Costa é primeiro-ministro desde 2015 e o PS quer agora fazer crer que “bastam 30 dias de irresponsabilidade do PSD para tudo falhar” no lançamento do concurso da alta velocidade Porto-Lisboa.

“A resposta do presidente do PSD é cristalina: se for para evitar perder fundos, o país ganha em não atrasar o concurso”, disse, reiterando a posição hoje anunciada pelos sociais-democratas de votar a favor da resolução do PS.

Pela bancada socialista, o deputado Carlos Pereira acusou o PSD de, quando foi Governo, ter “desmantelado a ferrovia” e sublinhou que o PS quer avançar com “o máximo consenso” para obras desta dimensão, ao contrário do que acusou os sociais-democratas de terem feito quando privatizaram a TAP em 2015 “à 25.ª hora”.

Na réplica, o PSD devolveu a acusação de encerramento “de mais de 800 km de linha férrea” ao Governo do PS liderado por José Sócrates.