Ferroviários dizem que soluções da CP "acentuam desigualdades"
10/05/2023 19:46 - Dinheiro Vivo
Os sindicatos representativos dos ferroviários indicaram que lhe foi dito que "o acordo publicitado com uma outra organização [SMAQ], resume-se à distribuição de ganhos de produtividades, pela operação em agente único nas marchas em vazia ao nível nacional".

Os sindicatos representativos dos ferroviários dizem que as soluções da CP "acentuam desigualdades entre os trabalhadores", referindo-se ao acordo recentemente anunciado com o Sindicato Nacional dos Maquinistas (SMAQ), depois de uma reunião com a administração da empresa.
Numa nota, o SNTSF - Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário e a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) referiram que a transportadora informou as estruturas "dos recentes desenvolvimentos na empresa, com soluções parciais que acentuam desigualdades entre trabalhadores e que abrem a porta ao descontentamento e a novos conflitos".
As estruturas referem-se ao acordo entre a CP e o SMAQ, para impedir novas greves dos maquinistas, confirmou a Lusa junto de fonte da Fectrans.
Os sindicatos indicaram que lhe foi dito que "o acordo publicitado com uma outra organização [SMAQ], resume-se à distribuição de ganhos de produtividades, pela operação em agente único nas marchas em vazia ao nível nacional". Ou seja, a circulação apenas com um maquinista.
Houve ainda atualizações de valores previstos no Acordo de Empresa (AE) geral, sendo que as estruturas sindicais dizem não ter sido contactadas.
"Estamos perante uma alteração unilateral por parte da administração/Governo, de cláusulas do AE Geral" sem "qualquer negociação com os subscritores do mesmo", referiram.
"A solução da chamada redistribuição de ganhos de produtividade anunciada, é a retomada de um projeto antigo da operação em agente único", destacaram, salientando que "tem como resultado a redução de postos de trabalho", assim como "põe em causa a segurança na circulação".
Segundo o SNTSF e a Fectrans, "com isto, o Governo põe em causa o acordo firmado em 2018 sobre as questões do agente único, que culminou um conjunto de lutas e greves na empresa contra a redução de postos de trabalho" e "deixa de fora uma parte significativa dos trabalhadores, como se estes não contribuíssem para os ganhos de produtividade".
"O serviço que a CP presta é o somatório do trabalho de diferentes categorias profissionais, pelo que as soluções têm de ser gerais, sem prejuízo de soluções específicas de cada uma das categorias, mas nunca dando a ideia de ganhos de uns à custa da estagnação de outros", lê-se no comunicado.
Os sindicatos recordaram que a "CP, no ano passado, teve resultados positivos e uma das razões apontadas foi a redução de custos. Houve aqui ganhos de produtividade de todas as categorias profissionais que não foram distribuídos de forma geral".
As estruturas sindicais disseram ainda ter lançado à administração da CP "o desafio - se querem evitar o descontentamento generalizado, sem prejuízo da reabertura dos processos negociais já anunciada - " para que seja feita "uma discussão de redistribuição dos ganhos de produtividade por todos os trabalhadores, sem ser à custa da criação de condições de redução de efetivos, porque o que a CP precisa é de mais ferroviários".
O Governo vai reabrir os processos negociais nas empresas públicas, tendo em conta a atualização intercalar que foi feita na Administração Pública, de acordo com um comunicado divulgado na segunda-feira pela Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans).
A entidade, que esteve nesse dia numa reunião no Ministério das Infraestruturas, destacou que "foi transmitida a orientação genérica do Governo, no sentido de serem reabertos os processos negociais".
O Governo levou a cabo uma atualização salarial intercalar na Administração Pública de 1%.
Segundo a Fectrans, que citou o representante do Governo, "a reabertura dos processos de negociação deve também ser no sentido de se passar à revisão das tabelas de carreiras".