Ambiente, turismo, agricultura, ferrovia: Grândola vai debater o seu futuro
17/04/2023 17:55 - Dinheiro Vivo

Sessão de esclarecimento promovida pela Proteger Grândola leva amanhã a palco o momento-chave que a região está a viver.

Ambiente, turismo, agricultura, ferrovia: Grândola vai debater o seu futuro

Em que se transformará Grândola em 2032? É a partir desta pergunta que a Proteger Grândola - Associação de Desefa so Ambiente, desenvolve amanhã uma sessão de eslcarecimento dirigida a quem se move naquela região, com as principais iniciativas que vão marcar o desenvolvimento local na próxima década em cima da mesa. Dos grandes investimentos turístico-imobiliários, à agricultura, do desenvolvimento ferroviário ao mineiro, a associação quer fazer um retrato das iniciativas que podem mudar para sempre a região.

"A Proteger Grândola - Associação de Defesa do Ambiente irá realizar em Grândola, a 18 de abril, entre as 16.30 e as 20.00 horas, uma sessão de informação dedicada ao ambiente. O encontro será aberto ao público e decorrerá na sede da associação, em Grândola", explica a associação, esclarecendo que, na sessão, "dois oradores especialistas irão apresentar dados sobre a escassez da água e o ordenamento do território", além de "um debate focado no impacto a longo prazo dos vários grandes projetos em curso no concelho". Uma parte da sessão será reservada a perguntas e a respostas do público.

Para esta sessão, a organização conta com os professores Rui Ferreira dos Santos e João Joanaz de Melo, ambos da Universidade Nova de Lisboa, como oradores, sendo Teresa Pinto Correia, professora da Universidade de Évora, a moderadora, numa tarde de trabalhos conduzida por Vítor Matos, jornalista do Expresso. Do leque de convidados fazem ainda parte representantes da Câmara de Grândola, da CCDR Alentejo, do Instituto de Conservação da Natureza, da Agência Portuguesa do Ambiente, do Turismo de Portugal e da Associação dos Agricultores de Grândola, além de várias ONG.

"É surpreendente que não exista qualquer estudo de planeamento estratégico ou de sustentabilidade que avalie o impacto cumulativo de tudo o que esta a acontecer nesta Concelho", afirma Guy Villax, presidente da PG. E acrescenta: "A falta de juízo critico e a ausência de responsabilização para exigir o cumprimento da lei parecem-me evidentes."

"Temos um concelho com 13 mil habitantes que perdeu 7% da população no período que mediou os dois últimos censos. Apesar deste facto, encontram-se previstas mais de 30 mil camas turísticas. Grândola tem ainda uma exploração mineira classificada de PIN (projeto de interesse nacional) sem que tivesse havido a necessária consulta à população", justifica a associação, adiantando ter informação "de que está previsto um traçado novo de ferrovia que desventrará o concelho e destruirá parte do melhor montado do país", sem estudo de impacto ambiental a dez anos conhecido sobre o que acontecerá ao conselho em 2032.

"Com tantos projetos em curso, haverá certamente numerosas carências do ponto de vista das infraestruturas, tais como recolha e tratamento de resíduos, cuidados de saúde e habitação para os trabalhadores dos novos projetos. Mas mais grave será certamente a escassez de água. Com o consumo de água a aumentar substancialmente por causa dos referidos projetos, mas também empolado por três novos campos de golfe e pelas novas explorações intensivas de abacate e tangerina, o desfecho é fácil de antecipar: faltará a água. É importante recordar que o concelho de Grândola só tem acesso a água subterrânea, com aquíferos limitados na zona sul, a mais populosa, e não existe - nem sequer em estudo - qualquer ligação a fontes de água alternativas", adianta a Proteger Grândola, que teme a pressão sobre o território e a transformação esperada.

"Esta iniciativa da sociedade civil acontece quando o PDM de Grândola se encontra suspenso e é aguardada uma revisão que deverá atender às preocupações expressas pelos especialistas e pelo público."