Riopele de olho no TGV quer negócio da mobilidade a valer 3 milhões até 2026
06/02/2023 06:55 - Dinheiro Vivo

Empresa de Pousada de Saramagos assume a vontade de que o novo comboio de alta velocidade possa vir a ter "um cunho português".

Riopele de olho no TGV quer negócio da mobilidade a valer 3 milhões até 2026

A Riopele "quer estar pronta" para o novo TGV em Portugal através da sua nova área de negócios, dedicada à mobilidade, no âmbito dos têxteis técnicos. "Gostaríamos que o novo comboio de alta velocidade tivesse um cunho português", admite o responsável do segmento de negócio Riopele Textile E-Motion, criado no início de 2020 e que se espera que, em 2026, possa já contribuir com três milhões de euros para a faturação da empresa de Pousada de Saramagos.

"A Riopele, pela sua dimensão e capacidade instalada, procura sempre potenciar novas áreas de negócio. Procuramos, de resto, aliar o nosso longo historial e conhecimento profundo no segmento de moda e vestuário a uma abordagem criativa e diferenciadora no desenvolvimento de novos produtos para o setor da mobilidade", explica João Amaral.

Foi no início de 2020, ainda antes da pandemia, que a Riopele se posicionou para avançar no setor da mobilidade, "através da aquisição de know-how e respetivos contactos de uma empresa com elevado conhecimento e experiência" na área. E hoje já trabalha com várias das "mais importantes" marcas do setor automóvel, que não pode nomear dado os contratos de confidencialidade assinados. E mesmo na ferrovia tem já negócios a decorrer. "Queremos introduzir uma visão de moda no setor da mobilidade, procurando a aceitação dos fabricantes da nossa estratégia e posicionamento", refere este responsável.

Para isso, desenvolveu "dois novos produtos exclusivos": materiais têxteis com cortiça incorporada e materiais produzidos a partir de resíduos têxteis, tendo por base o conceito da sua marca de tecidos sustentáveis, Tenowa, acrónimo para "Textile no waste".

Recorde-se que a área da sustentabilidade é uma das grandes apostas da empresa, que assumiu já o compromisso de ser, até 2027, uma das primeiras do setor têxtil, a nível europeu, "operacionalmente neutra em carbono".

"Também a indústria automóvel se encontra na encruzilhada da sustentabilidade. Temos fabricantes a anunciar o fim do uso de pele natural, veículos de série a integrar materiais naturais e reciclados, veículos conceptuais que, no fim de vida, são 100% recicláveis, pelo que nos cabe identificar soluções e desenvolver produtos concretos para estes novos desafios", sublinha João Amaral, lembrando que as decisões de compra dos consumidores serão "mais conscientes e exigentes", o que obrigará também a uma "mudança radical" dos fabricantes.

Com um volume de negócios na ordem dos 70 milhões de euros em 2022, a Riopele não indica quanto vale o segmento de textile e-motion, dado que é uma aposta "que está ainda a começar". Mas quer que valha já três milhões de euros em 2026.