Bloco, PAN e PSD insistem na suspensão da linha circular do Metro de Lisboa
14/06/2022 18:26 - Público

Nas propostas discutidas na quarta-feira, o BE e o PAN insistem na suspensão do projecto e o PSD propõe que este seja reformulado.

Bloco, PAN e PSD insistem na suspensão da linha circular do Metro de Lisboa

A Assembleia da República discute, na quarta-feira, uma petição e propostas de BE, PAN e PSD que insistem na suspensão ou revisão do projecto da linha circular do Metro de Lisboa, que já está em curso.

Os três partidos seguem preocupações que constam da petição “Contra o fim da actual linha amarela do metro de Lisboa”, que deu entrada no parlamento em Março de 2019, assinada por 4.366 cidadãos, e chega à discussão parlamentar três anos depois, numa altura em que o Governo já iniciou obras para expansão da rede do Metro de Lisboa no troço entre a estação do Rato e a futura estação na Estrela.

Numa nota, o Movimento de Cidadãos “Contra o Fim da Linha Amarela”, criado na sequência da petição, lamentou esta terça-feira o atraso na discussão e o avanço da obra à revelia da contestação.

Na petição “Contra o fim da actual linha amarela do metro de Lisboa”, os cidadãos manifestam-se contra a expansão entre as estações do Rato (na linha Amarela) e do Cais do Sodré (na Linha Verde), reduzindo a linha Amarela ao troço entre Odivelas e o Campo Grande.

Além disso, alertam para o prejuízo causado pelo projecto aos “milhares de passageiros que hoje apanham o metro no concelho de Odivelas e na parte alta de Lisboa”, que terão de mudar de linha no Campo Grande para chegar a estações como o Rato, o Marquês de Pombal ou o Saldanha, no centro da capital.

“Só quem não apanha o metro todos os dias, é que não sabe o transtorno que é a mudança de linha, muitas vezes a espera pelo metro é superior ao tempo da viagem em si”, consideram, realçando que “o metro deixará de ser uma opção atractiva”.

Nas propostas discutidas na quarta-feira, o BE e o PAN insistem na suspensão do projecto e o PSD propõe que este seja reformulado.

Os três partidos salientam que a Assembleia da República já aprovou anteriormente recomendações em que foi pedido pelos deputados ao Governo a suspensão da linha circular, além de que também o Orçamento do Estado de 2020 (OE2020) “incluiu uma norma que suspendia a linha circular”.

“Apesar disso, o Governo decidiu avançar, com o respaldo do Presidente da República que, na altura, justificou com o facto de ser apenas uma “recomendação"”, realça o BE, que quer que o parlamento volte a insistir com o executivo para a suspensão imediata das obras.

O BE pede ainda ao Governo que, em alternativa, olhe para a zona de Loures, a zona ocidental da cidade de Lisboa e garanta “que as populações de Odivelas não ficam prejudicadas”.

A deputada única do PAN, Inês Sousa Real, acusa o Governo de “incumprir” a Lei do OE2020 e pretende que desta vez seja cumprida a suspensão do processo de construção da Linha Circular entre o Cais do Sodré e o Campo Grande, “devendo ser dada prioridade à expansão da rede de metropolitano até Loures, bem como para Alcântara e a zona ocidental de Lisboa”.

BE, PAN e PSD lembram também que até a Câmara Municipal de Lisboa contestou o projecto.

O PSD acrescenta que a linha circular tem “merecido contestação desde o início” de “muitos técnicos e especialistas de várias áreas”, mas, agora que os procedimentos já foram iniciados, pretende que o Governo reveja o projecto e adopte, em alternativa, uma linha em laço.

“A “Linha em Laço” [Odivelas - Campo Grande - Rato - Cais do Sodré - Alameda - Campo Grande - Telheiras], que não tem custos e por não cortar a ligação directa do centro à periferia [Odivelas e posteriormente Loures], melhora as alternativas de transporte público para os utilizadores que todos os dias entram em Lisboa de automóvel vindos do norte de Lisboa e, dessa forma, reduzirá o número de carros que todos os dias entram em Lisboa”, considera o PSD.

Em declarações esta terça-feira aos jornalistas durante a cerimónia da assinatura contratual da Reabilitação urbana do Bairro Padre Cruz, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, defende que a “linha circular deveria ser uma linha em laço” porque é importante que as pessoas que vêem de Odivelas “possam entrar directamente na cidade”, sem haver a necessidade de trocarem de linha. No entanto, afirma que “tudo se irá resolver” porque “é bastante fácil” resolver esta questão porque não se trata de “uma obra estrutural” para fazer a mudança da linha circular, mas sim, "uma questão de agulhas no próprio metro”.

O plano do Governo para o Metro de Lisboa prevê um percurso circular na linha Verde, que passará a integrar o percurso entre a estação do Campo Grande, actualmente na Linha Amarela, e o Cais do Sodré (na linha Verde).

Para isso serão construídas na Estrela, junto à Basílica, e em Santos duas novas estações que ligarão o Rato (fim da actual linha Amarela) ao Cais do Sodré.