Regresso do comboio a Barca d’Alva depende de eletrificação da Linha do Douro
03/05/2022 06:08 - Sapo Eco
Apenas quando a Linha do Douro estiver totalmente eletrificada é que os comboios poderão voltar a circular entre Pocinho e Barca d’Alva, junto à fronteira. Este é o pressuposto do estudo técnico que a Infraestruturas de Portugal (IP) apresentou na semana passada junto do que grupo de trabalho que está a discutir o modelo de […]
Apenas quando a Linha do Douro estiver totalmente eletrificada é que os comboios poderão voltar a circular entre Pocinho e Barca d’Alva, junto à fronteira. Este é o pressuposto do estudo técnico que a Infraestruturas de Portugal (IP) apresentou na semana passada junto do que grupo de trabalho que está a discutir o modelo de regresso deste ligação ferroviária, documento a que o ECO teve acesso.
Condicionar a reabertura do troço à eletrificação da restante Linha do Douro dificulta a previsão sobre quando os comboios vão voltar à fronteira. Atualmente, só há corrente elétrica no percurso entre Porto-São Bento e Marco de Canaveses.
O troço seguinte, Marco de Canaveses-Régua, deveria ter sido eletrificado até ao final de 2019, segundo o plano de investimentos Ferrovia 2020, apresentado em fevereiro de 2016. Contudo, o percurso Marco-Régua ainda não tem sequer concurso público lançado; isto é, não ficará pronto, pelo menos, até ao final de 2023.
A eletrificação do trecho seguinte, entre Régua e Pocinho, pertence ao conjunto de obras do Programa Nacional de Investimentos 2030, ainda sem calendário definido.
A análise da IP incidiu sobre 27,1 quilómetros da Linha do Douro, entre a saída da estação do Pocinho (quilómetro 172,85) e a saída da estação de Barca d’Alva (quilómetro 199,96). Depois da recuperação, o troço vai manter-se em via única, com velocidades entre 70 e 100 km/h, passando a contar com catenária e sinalização eletrónica.
Todas as passagens de nível serão automatizadas e será implementado o sistema de controlo automático de velocidade. Para não prejudicar as vistas e minimizar os impactos ambientais, os postes de catenária serão colocados do lado contrário do rio Douro.
A linha não vai sofrer alterações de monta, ocupando o mesmo espaço que foi posto a funcionar no final de 1887. Côa, Castelo Melhor, Almendra e Barca d’Alva vão manter-se como as quatro estações e apeadeiros. Barca d’Alva será a única estação com bilheteira física.
Das quatro pontes deste troço, apenas a de Canivais não precisará de reforços estruturais. Nas pontes do Côa, Aguiar e do Grincha, a estrutura metálica do tabuleiro terá de ser reforçada.
Nas três passagens inferiores, os tabuleiros metálicos serão totalmente substituídos, deixando de ser necessário o reforço estrutural.
Dos 74,74 milhões de euros previstos para a reabilitação, cerca de 80% (59,35 milhões) são dedicados às obras – a restante verba tem a ver com estudos e projetos, fiscalização e estaleiro.
As maiores intervenções servirão para reforçar as estruturas de proteção e estabilização da plataforma e da própria via férrea. O relatório avisa que será necessária a “adoção de sistemas de queda de blocos com sistemas de videovigilância remota”.
O regresso dos comboios permitirá “providenciar uma infraestrutura que garante a oportunidade de promover um serviço turístico que dinamiza e valoriza o património local, e que se pode constituir como um fator relevante no alavancar de outros projetos económicos e dinamização demográfica dos concelhos envolvidos.
O estudo elenca cinco benefícios da reabertura do troço entre Pocinho e Barca d’Alva:
A conclusão do estudo técnico era o passo que faltava para que, durante o mês de maio, fique concluído o estudo de viabilidade económica, a cargo da IP e que foi pedido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
O grupo de trabalho para a reabertura do troço Pocinho-Barca d’Alva foi constituído formalmente em maio de 2021. Coordenado pela CCDR-N, o grupo integra autarcas em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro (como a Régua) e membros da IP. A equipa vai ajudar a definir qual o modelo mais viável para reabrir a ligação ferroviária
Antes disso, em março de 2021, o Parlamento aprovou, por unanimidade, uma petição para a reabertura deste troço. O documento apresentado pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e da Fundação Museu do Douro reuniu 13.999 assinaturas.